quarta-feira, junho 19, 2019

Vós Sois o Sal da Terra e a Luz do Mundo

Jesus disse: “Vós sois o sal da terra” e “Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5:13,14). O ensino bíblico de que os seguidores de Cristo são sal da terra e luz do mundo significa que os cristãos são agentes que promovem a verdade do reino de Deus neste mundo.
O sal tem a função de preservar e dar sabor ao alimento. A luz, por sua vez, tem a função de iluminar as trevas. É interessante notar que Jesus não coloca o cristão como sendo o sal da terra e a luz do mundo de forma condicional. Ele não diz: “vocês serão sal da terra e luz do mundo”; ou “vocês devem ser sal da terra e luz do mundo”; mas Ele diz “vós sois salvo da terra e luz do mundo”.
Isso significa que todo aquele que verdadeiramente é nascido de Deus, necessariamente é sal da terra e luz do mundo. Se alguém se diz cristão, mas sua vida não revela que ele é sal da terra e luz do mundo, então há algo de muito errado nisso. Vejamos melhor neste estudo bíblico as implicações de ser sal da terra e luz do mundo.

Vós sois sal da terra

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.(Mateus 513).
Sabemos que o sal possui muitas características. Mas certamente ao dizer “vós sois o sal da terra” Jesus explora suas duas principais características. São elas: sabor e antisséptico.
Uma das funções mais importantes do sal nos dias de Jesus era justamente o poder de preservar os alimentos. O sal era a melhor solução para impedir a deterioração dos alimentos. Além disso, ele também servia como tempero.
Mas qual é realmente o objetivo de Jesus ao dizer que seus seguidores são o sal da terra?
Assim como o sal que possui a função de preservação, os cristãos verdadeiros devem estar constantemente combatendo a corrupção moral e espiritual da sociedade. De certa maneira o sal age secretamente, no sentido de que não podemos ver como sua ação preservativa age especificamente. Na maioria das vezes também não podemos distinguir pelo olhar um alimento que foi temperado com sal. Mas facilmente podemos senti-lo.
Assim também acontece com a presença da Igreja neste mundo. Muitas vezes parece que a ação dos cidadãos do Reino de Deus no mundo é nula ou quase invisível. Porém, somente Deus é quem sabe o quão mais perverso e depravado seria este mundo ímpio sem a presença, o exemplo e as orações dos santos que são sal da terra.

O sal da terra não pode ser insípido

Mas Jesus também deixa claro que se o sal se tornar insípido, ou seja, sem sabor, para nada servirá. Não temos muita familiaridade com essa observação, pois estamos acostumados a comprar o sal já selecionado. Mas nos dias de Jesus isso acontecia muito. O sal era retirado principalmente da região do Mar Morto. Porém havia alguns pântanos e lagoas naquela região que, pelo contato com o cálcio e outras substâncias, o sal retirado desses locais adquiria um sabor alcalino, tornando-o inútil. Sim, o sal insípido jamais poderia ser restaurado.
Naquela época havia muitos fariseus que se orgulhavam de sua religiosidade e legalismo. Mas nada disso tinha qualquer coisa a ver com a verdadeira essência das Escrituras anunciadas pelos antigos profetas. Esses religiosos tinham se misturado, perdido o sabor e não serviam para mais nada, a não ser para serem lançados fora (Mateus 8:12).
Este é um alerta importante e ao mesmo tempo aterrorizante. Que Deus possa nos guardar do farisaísmo e da religiosidade adultera que têm tomado conta de muitos que se dizem cristãos. Eles pensam que são sal da terra, mas não passam de uma mistura monótona e sem sabor. Nas palavras de Jesus, só há duas possibilidades: ou você é sal da terra ou é sal insípido.

Vós sois a luz do mundo

Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte.
(Mateus 5:14).
A luz na Bíblia Sagrada aparece em diversas aplicações. De forma geral ela indica o genuíno conhecimento de Deus, a verdadeira felicidade, a justiça, a bondade, as bênçãos da salvação, o deleite etc. (cf. Salmos 27:1; 36:9; 97:11; Isaías 9:1-7; 60:19; Mateus 6:22,23; Lucas 1:77-79; Efésios 5:8,9).
A Bíblia declara que Deus é luz (1 João 1:5). Cristo é a manifestação plena dessa luz (João 1:4,5; 8:12; 9:5; Atos 26:13). Por isso o próprio Jesus se apresenta dizendo: “Eu sou a luz do mundo” (João 8:12). Contudo, a luz de Deus manifestada em Cristo é também refletida nos redimidos, tanto coletivamente como Igreja quanto individualmente. Daí vem a declaração de Mateus 5:14: “Vós sois a luz do mundo”.
Isso significa que os cristãos não são luz em si mesmos. Na verdade eles são luz no Senhor (Efésios 5:8). Eles não são a fonte da luz, mas são transmissores da luz. Quando Cristo declarou ser a luz do mundo, Ele mesmo explicou: “Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12). Perceba que Ele diz que seus seguidores recebem a luz.
Então se Jesus Cristo é a verdadeira luz do mundo, os cristãos são também a luz do mundo por causa de sua conexão com Ele. Enquanto Cristo é a luz do mundo original, os crentes são a luz do mundo num sentido derivado. Um exemplo disso é a relação entre o sol e a lua. O sol é quem possui a luz, mas a lua brilha porque reflete a luz do sol. Os cristãos são luz porque refletem a verdadeira Luz do mundo.
Então ao dizer aos seus seguidores “vós sois a luz do mundo”, Jesus ensina que os cristãos são o instrumento que Deus usa para propagar a luz da salvação em Cristo diante do mundo que está em trevas.

A luz não pode ser escondida

Jesus não apenas diz aos crentes “vós sois a luz do mundo”. Ele também diz que a luz que eles receberam deve brilhar diante dos homens. Isso é inevitável na vida do verdadeiro cristão, da mesma forma com que é inevitável que uma cidade construída sobre uma colina seja visível a todos. Além disso, Jesus também diz que não faz sentido alguém ascender uma lâmpada e deixá-la escondida (Mateus 5:14,15).
Portanto, assim como a função de uma lâmpada acessa numa casa é a de iluminar todo o ambiente, a função do cristão como luz do mundo é brilhar essa luz diante dos homens para que eles vejam suas boas obras. Mas neste ponto há uma verdade fundamental que deve ser compreendida. As boas obras daqueles que são luz do mundo e que devem ser vistas pelos homens, jamais podem significar honra e glória para si mesmos.
Como já foi dito, o verdadeiro Cristão entende que sem Cristo ele não pode brilhar. Então ele não tem dificuldade em compreender que a finalidade dessas boas obras é trazer glória a Deus. Por isso Jesus diz: “Brilhe a luz de vocês diante dos homens, para vejam as suas boas obras e glorifiquem a seu Pai que está no céu” (Mateus 5:16).
Aqui fica o exemplo do profeta João Batista. O próprio Jesus testificou dele dizendo que João foi o maior homem nascido de mulher. Mas João Batista sabia que ele não era a luz, mas que havia sido chamado para testificar da verdadeira luz (João 1:8,9). Por isso ele não tinha dificuldade em dizer: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua”(João 3:30).

Sal e luz

Quando Jesus diz que seus seguidores são o sal da terra e a luz do mundo, Ele indica qual deve ser a posição dos cristãos diante do mundo. Em primeiro lugar, Ele diz que os cristãos, como sal da terra e luz do mundo, são completamente diferentes desse mundo. Eles são o sal que tem sabor, e não o sal insípido. Eles são o sal da terra que jamais se conforma com o padrão deste mundo. Eles são a luz que se distingue das trevas.
Em segundo lugar, ao dizer “vós sois o sal da terra” e “vós sois a luz do mundo”, Jesus também indica o quão relacionados com o mundo seus seguidores estão. Eles são o sal da terra que combate a deterioração deste mundo pelo poder do Espírito Santo. Como luz do mundo, eles promovem a bondade, a paz e a verdade do Evangelho.
Comentado sobre o que significa ser sal da terra e luz do mundo, W. Hendriksen percebe algo muito interessante. Ele diz que o mundanismo é condenado por Jesus ao dizer que os crentes são o sal da terra e a luz do mundo. No entanto, a indiferença e o isolacionismo são igualmente condenados pelo Senhor. O sal deve ser colocado no alimento, e a luz deve brilhar na escuridão ao invés de ficar encoberta.
Ele também conclui dizendo que existem muitas pessoas que nunca abriram a Bíblia para ler, mas estão constantemente lendo as nossas vidas. Se nossos exemplos não refletirem um ser regenerado, então para nada servirá as nossas palavras.
Apropriadamente D. L. Moddy também diz que alguém pode pregar com a eloquência do anjo Gabriel, mas se essa pessoa vive como um demônio, sua pregação não servirá para nada. Lembre-se: somos o sal da terra e a luz do mundo! Esta não é só mais uma frase de efeito, mas é uma exortação à responsabilidade da vida cristã.

Estudo Bíblico Sobre a Vinha de Nabote

A vinha de Nabote é uma história registrada em 1 Reis 21. Um estudo bíblico sobre a vinha de Nabote destaca o modo perverso com que Acabe e Jezabel se apoderaram da herança de um homem justo e temente a Deus.
A Bíblia diz que um homem de Jezreel por nome de Nabote possuía uma vinha que ficava ao lado do palácio do rei Acabe. Jezreel ficava localizada a cerca de quase quarenta quilômetros ao norte de Samaria, que era a capital do reino de Israel. Então essa propriedade de Acabe era um segundo palácio, uma espécie de residência de verão.
Certo dia Acabe pediu que Nabote lhe cedesse a sua vinha, já que ela estava ao lado de sua casa em Jezreel. Inclusive o rei Acabe tentou negociar a compra da vinha, prometendo dar a Nabote outra vinha melhor, ou pagar-lhe em dinheiro o que lhe fosse justo.
Nabote explicou para Acabe que não podia fazer um acordo com ele, porque sua vinha era herança de seus pais. O rei Acabe ficou muito desgosto e indignado por não ter conseguido ficar com a vinha de Nabote. Ele ficou tão abatido que nem queria se alimentar.
Foi então que Jezabel viu a situação de Acabe e lhe perguntou o motivo de sua tristeza. Acabe explicou que era porque sua proposta pela vinha de Nabote havia sido recusada. Mas Jezabel pediu que ele se alegrasse, pois ela lhe daria a vinha que ele tanto desejava.

Um plano perverso para tomar a vinha de Nabote

Tão logo Jezabel pôs em prática seu plano maligno para conseguir obter a vinha de Nabote. Ela escreveu cartas em nome de Acabe e enviou aos anciãos e aos nobres da região. A carta que havia sido selada com o sinete real convocava um jejum e ordenava que Nabote fosse trazido à frente do povo.
Com isso Jezabel estava provocando grande apreensão entre os habitantes de Jezreel. Isso porque ao convocar um jejum, ela estava indicando ao povo que todos estavam diante de uma crise iminente causada por uma grande transgressão (cf. Juízes 20:26; 1 Samuel 7:5-6; 2 Crônicas 20:3; Jonas 3:5-9).
Então Jezabel também providenciou que dois homens maus testemunhassem falsamente contra Nabote. A Lei Mosaica determinava que uma acusação precisava ser sustentada por pelo menos duas testemunhas. Os dois homens acusaram Nabote de blasfemar contra Deus e contra o rei. A pena para quem amaldiçoasse a Deus era a morte por apedrejamento (cf. Êxodo 22:28; Levítico 24:10-16).
E foi assim que aconteceu. Após ter sido acusado falsamente, Nabote foi levado para fora da cidade e foi apedrejado até a morte (1 Reis 21:13). Além disso, os filhos de Nabote também foram mortos, garantindo que não houvesse mais nenhum herdeiro da vinha vivo (2 Reis 9:26).
Quando Jezabel recebeu a notícia de que Nabote já estava morto, logo ela foi avisar a Acabe que a vinha de Nabote agora poderia ser tomada. Então rapidamente o rei de Israel se levantou e foi tomar posse da vinha (1 Reis 21:15,16).

Elias denuncia o crime envolvendo a vinha de Nabote

O escritor bíblico diz que naquele contexto veio a palavra do Senhor ao profeta Elias. Deus ordenou que o profeta fosse se encontrar com Acabe e denunciasse o seu pecado. Através do profeta, Deus anunciou que no mesmo lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, também lamberiam o sangue de Acabe; bem como Jezabel também seria devorada por cães dentro dos muros de Jezreel.
Deus ainda prometeu acabar com a linhagem de Acabe. Deus falou que o mesmo que aconteceu com a casa de Jeroboão, haveria de acontecer com a casa de Acabe. Quem morresse na cidade seria comido por cães; e quem morresse no campo seria comido pelas aves do céu (1 Reis 21:22; cf. 14:11).
Diante das palavras de juízo divino trazidas por Elias, Acabe mudou de atitude. Ele ficou apavorado, rasgou suas vestes e cobriu-se de pano de saco. No Antigo Testamento esse comportamento era característico de profunda humilhação, lamentação e arrependimento (Gênesis 37:34; 2 Samuel 3:31; 2 Reis 6:30; Lamentações 2:10; Joel 1:13).
Então de forma misericordiosa Deus olhou para a humilhação de Acabe. Por isso Ele resolveu adiar por uma geração o seu juízo sobre a casa de Acabe. Isso significa que o rei não viveria para ver o fim de sua dinastia em Israel. Isso haveria de acontecer nos dias de seu filho Jorão, que morreu no campo que havia pertencido a Nabote. Apesar disso, a sentença de uma morte desonrosa tanto para Acabe quanto para Jezabel foi cumprida (1 Reis 22:37,38; 2 Reis 9:10,34-37).

Por que a vinha de Nabote não podia ser vendida?

Nos povos cananeus, vizinhos dos israelitas, um rei podia confiscar qualquer terra de seu reino. Isso porque nessas nações pagãs todo o território pertencia à família real e era apenas confiado aos súditos.
Mas em Israel isso era completamente diferente. Deus era reconhecido como o verdadeiro proprietário de toda terra. Os israelitas eram vistos como mordomos que simplesmente administravam aquilo que graciosamente tinham recebido de Deus (cf. Êxodo 19:3-8; Levítico 25:23; Números 14:8; 35:34; Deuteronômio 1:8).
Isso também explica a reação de Nabote diante da proposta de Acabe por sua vinha. Ele disse: “Guarda-me o Senhor de que eu dê a herança de meus pais” (1 Reis 21:3). Quando o território da Terra Prometida foi conquistado pelos israelitas, ele foi dividido e distribuído por cada família. Então a posse de cada parte daquele território havia sido dada por Deus como custódia às famílias de Israel.
Os israelitas eram proibidos de negociar e entregar de modo permanente a titularidade de terras familiares. Isso significa que a vinha de Nabote era uma herança sagrada que o Senhor havia dado à sua família. Se Nabote aceitasse vender sua vinha, automaticamente ele acabaria por deserdar seus próprios descendentes (Levítico 25:23; Números 27:1-11; 36:1-12).
Então se a vinha de Nabote fosse vendida, configuraria descumprimento da lei e seria algo desagradável aos olhos do Senhor. Mas por lealdade a Deus, Nabote prontamente recusou a oferta de Acabe por sua vinha, ainda que fosse uma proposta muito vantajosa.

A vinha de Nabote apenas revelou uma sequência de pecados

O episódio envolvendo a vinha de Nabote deixou muito claro que tipo de pessoa o rei Acabe era. Acabe era um homem vendido ao pecado. A palavra de Deus diz que “ninguém houve, pois, como Acabe; que se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor”. Ele era instigado por sua esposa Jezabel, e juntamente com ela abraçou a idolatria e fez grandes abominações em Israel (1 Reis 21:25,26).
W. W. Wiersbe diz que quando alguém se vende para o diabo, pode confundir o bem com o mal e a luz com a escuridão. Através do profeta Isaías Deus diz: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo” (Isaías 5:20).
Acabe caiu exatamente nesse erro. Consequentemente, instigado por sua esposa, ele transgrediu a Lei de Deus em todos os sentidos. Na história da vinha de Nabote, por exemplo, ao lado de Jezabel, Acabe não conseguiu controlar sua cobiça, encorajou o falso testemunho contra Nabote, foi cúmplice de seu assassinato e, por fim, roubou aquilo que não lhe pertencia.
Ao tomar posse da vinha de Nabote, Acabe não estava defraudando apenas a casa de Nabote, mas estava roubando as terras que originalmente pertenciam a Deus. Além disso, o modo como tudo foi feito indica que Acabe e Jezabel usaram a Lei de Deus de forma distorcida e aplicada a satisfazer seus desejos pecaminosos.
Nabote foi morto nos parâmetros da lei ao ser acusado de blasfêmia contra Deus. Mais tarde o mesmo tipo de falsa acusação foi lançado sobre Jesus Cristo e sobre o diácono Estêvão (Mateus 26:59-65; Atos 7). Tal como Acabe e Jezabel tomaram a vinha de Nabote, ainda hoje as pessoas continuam distorcendo a Palavra de Deus a seu bel prazer com a finalidade de satisfazer sua cobiça. Mas o dia do juízo de Deus se aproxima.